domingo, 13 de abril de 2014

O Vendedor de Trufas



Subitamente um leve desconforto surgiu, e numa pressa de seguir em frente saiu pela recepção como quem sabe perfeitamente aonde ir.

O céu da tarde observava toda a caminhada, uma longa e reta sequencia de sobe e desce.

Os passos seguiram em frente, a cabeça tentou orientar o rumo, mas os pés dentro do tênis seguiam decididos, quando na sequencia do caminhar, aceitou das mãos de um rapazinho o folheto anunciando ‘Empréstimo sem burocracia’ e foi ali mesmo em plena esquina da Paulista – não aquela de glamour capital – mas da padaria homônima de interior, que magrinho escondido atrás de uma pequena saliência da parede aparece com um isoporzinho agarrado entre as mãos oferecendo de forma quase inaudível um – Quer trufas?

Mas que nada, o ritmo que se mantinha entrou na padaria estacionando os tênis em frente ao balcão de pão francês, e com seis deles fresquinhos e pagos, saíram os três juntos, os pés dentro do tênis, os pães e o ritmo autônomo, mas dessa vez em par com a mente, direto à procura do vendedor de trufas... O avistaram quando eu tomando enfim, conta da situação, cheguei perto perguntando – ainda tem trufas? – nesse momento como as teclas brancas de um piano clássico, uma série de dentinhos apareceu num sorriso de menino que abrindo a caixa disse que ainda havia muitos, talvez a timidez fosse à causa do sucesso das vendas não ter acontecido.

Perguntei quem fazia as trufas que vendia ao que ele me respondeu – minha irmã Maria – comprei algumas com uma vontade imensa de ficar com ele ali naquele fim de tarde na esquina da Paulista, gritando alto – Trufas! Trufas!

Trufas fresquinhas! Quem quer comprar?

Uma por $2.50 e quatro por $10.00!!

Hoje passando pela esquina da Paulista não o avistei por lá, mostrando bem como cada entardecer numa mesma esquina pode ter muitas nuances.

Não a timidez...

Não o sorriso pronto a disparar entre os lábios...

Ainda que por um momento numa quase parada, tivesse a sensação de ter ouvido outra vez – quer trufas?

ivoninha

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