quarta-feira, 7 de março de 2018

Ethéria e Bruno romance de estação.

Ethéria, uma Bem-te-vi chilena dona das mais belas penas amarelas jamais vistas em outras de sua espécie, encontrara Bruno um jovem gavião caído perto de seu ninho no início da estação passada, vítima de uma bala que o acertara de raspão.


A princípio Ethéria teve medo, afinal sabia que aquele belo pássaro era conhecido por ser um feroz predador.


De coração de cantora a amorosa Bem-te-vi procurou nas imediações um lugar seguro e confortável junto as raízes de um belo cipreste afofou-o com folhas e ajudou Bruno trazendo alimento e companhia mesmo correndo o risco de ser criticada por sua família devido a um longo histórico de gaviões sanguinários arrasadores de ninhos.


No início o gavião mal se mexia, sua respiração era ofegante e mantinha os olhos semicerrados por quase todo o tempo, era mesmo um moribundo sem esperança de poder sentir de novo o céu deslizar por entre as asas.


Mas o amor como diria a canção – tem feito coisas que até mesmo Deus duvida – e a dedicação de Ethéria a Bem-te-vi de peito amarelo ouro conquistara Bruno o feroz caçador que percorrera tantos céus e terras em solidão .


Porém a terceira lua cheia estava chegando e a partida era inevitável.


Forte outra vez, ferimento cicatrizado, penas recuperadas o jovem Bruno olhou pela última vez a bela Bem-ti-vi Ethéria antes de abrir suas asas e alçar voo rumo a um céu que anunciava saudades.


Ivone Leão

domingo, 7 de janeiro de 2018

Tom Jobim

Essa noite eu vi Tom Jobim ao piano, sua voz, gestos...

Seu relógio marcava quase onze horas

Num misto de céu e terra vi nele uma espécie de anjo encarnado e lembrei
nesse momento a fala de um amigo que diz rezar pra Tom Jobim por ter feito dele um homem melhor.

Tom Jobim
Tom

Eu também de muito encanto emprestei seu nome a um filho meu

Simples até o último dia, traço das almas que sustentam a terra pelas expressões da arte sementes da mente divina, Tom floresceu poesia.

Seu relógio marcava quase duas entre recordados quando deixou o piano que refletiu por todo o tempo as notas pretas na lente dos óculos (Jobinianos) fundindo-se cílios de encanto e encantado.

Tom sorriu se despedindo da equipe que eternizara aquele momento, de forma sutil, lembrando a passada hora de seu almoço.

E assim fiquei eu e os que restaram olhando a paisagem externa da casa cercada de natureza onde nasceram “águas de março” entre tantas outras preces...




Ivone Leão

terça-feira, 29 de agosto de 2017

Siameses

Não se afaste por tanto tempo

E não se importe se teu coração de poeta

Apaixonar-se mil vezes

E em noites de embriagues tomares outra para teu bailado

Pois eu estarei serena repousando no divino

Ainda que Eros te carregues em estradas suas

Volte e me busque

Como quem busca afoito a água após uma bebedeira...



Ivone

08-2017

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Aceitação

tiu sangue por luiz claudio marigo

Quero me aceitar sem reservas.

Observando o traço de cada tempo em meu rosto.

Os avessos revelados.

As clarezas clareadas.

Quero me amar como nunca.

Me abraçar cada momento amparando meus eus.

Caminhar sem antigas seguranças.

Na verdade da intenção revelada a cada época.

Hoje presente.
 
Ivone Leão

terça-feira, 15 de agosto de 2017

Quietude


Há um momento em que o coração se aquieta

Derrama seus anseios sobre o mar

E a alma serena e desperta

Segue seu rumo sem apegos...

Ivone Leão

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Telhado de vidro

Continuemos com discursos vazios

Enquanto o mar vira plástico

E as florestas deserto

Continuemos olhando o erro

Certos de que não precisamos fazer nossos acertos

Vazies de alma

Relações de vitrine

Quero morrer com saúde

Não preciso deixar saudades

Apenas um pouco do que aprendi e me foi útil.

Ivone Leão

Devaneio

Joana sonhou com João

Ele lhe trouxe espada, capa e unguentos

Joana sonhou com José   

Ele lhe trouxe poesia e flores

Joana sonha

Por vezes de olhos fechados

Por outras com o coração

Sonha Joana é sempre bom

Ivone Leão

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Aquarela

Deixo o tempo passar e aquarelar memórias

Reter é expor na sala antigos quadros...

Fugaz como a madrugada

Trazendo outras janelas

Me deixo ventar nos cabelos

Finos como os de minha mãe

Aquarelados tal qual o tempo que passa...

Falsa mentira verdadeira rima


Ivone Leão

Sertaneja



Hoje me dei à poesia

Como ela a se deitar sobre meus dedos

Amiga de tanta estima

Acompanha minha lida

Sertaneja de caminho

Celeste de sina.

Ivone Leão